top of page

O Eixo de Competência Execução das Obras

Atualizado: 18 de mai. de 2024

É bem geral a ideia de que as obras ocorrem apenas depois de desenvolvidos os projetos e planejada a execução. Realmente, a execução propriamente dita é adequada que seja nessa sequência, mas isso não significa que as equipes de execução de obras não tenham um papel importante desde o início de um empreendimento. Na realidade, podemos considerar que o trabalho no eixo de competência da Execução das Obras começa bem no princípio, apoiando a própria seleção do tereno onde será implantado o empreendimento.


Compreender isso implica em ter consciência de que o olhar da experiência pesa muito quando se está planejando fazer coisas no futuro. Já ter feito coisas similares, permite ter uma melhor percepção do que pode ajudar ou atrapalhar. Junte isso ao fato de que a maior parcela de recursos (custos) em um empreendimento é consumida na execução das obras e teremos razões suficientes para não negligenciar a perspectiva dessa equipe sobre o empreendimento.

 

ree

 

Mas isso é negligenciado corriqueiramente no mercado.

Admitir que engenheiros e arquitetos projetistas (normalmente mobilizados no início dos processos) têm perspectiva similar às de engenheiros e arquitetos executores de obras é indício de que não se tem consciência das diferenças de experiências. Já diziam os grandes pensadores: a grande sabedoria é ter consciência da própria ignorância. Mas, atenção, a constatação no outro sentido também é válida: não se pode negligenciar os temas que são mais dominados por projetistas. Por isso a colaboração é tão vital.


Assim, é fundamental que, já no início do processo de implantação, se envolva profissionais experientes na execução de obras para avaliar a seleção de terrenos. Uma análise importante diz respeito à logística associada ao terreno.

Podemos pensar na logística interna de materiais, pessoas, equipamentos etc. no canteiro de obra que será instalado. As dimensões, topografia e possibilidade de acessos pode condicionar essa logística interna a ponto de afetar significativamente o custo das obras.

 

ree

Mas há também o que podemos chamar de logística externa, que tem a ver com o acesso de grandes equipamentos e caminhões ao local da obra. Quanto maior o empreendimento, maior esse impacto. Pense, por exemplo, numa obra no centro de uma cidade, numa rua movimentada, que precisa descarregar grandes volumes de materiais que chegam em carretas. Não é difícil perceber o impacto que isso pode gerar no trânsito. Ou ainda, pense em obra em locais com acessos muito íngremes que impeçam a chegada de caminhões muito carregados.


Apenas essas duas análises já podem condicionar o projeto do produto, ou o processo produtivo, ou ambos. Repare a integração dos eixos de competência.

Selecionado o terreno, desenvolve-se o projeto do produto, o edifício, por exemplo.

É relativamente comum no mercado e isso é ponto de discussão frequente, que construtores façam ajustes em projetos na obra. Quase sempre alegam ser uma solução melhor, mas desconhecem os impactos que uma decisão pontual aparentemente melhor gera de problemas em outros aspectos. Lembremos que a sabedoria inclui a consciência da própria ignorância.


Caberia aqui, ilustrativamente, outra frase célebre, dessa vez de Shakespeare: há mais coisas entre o céu e a terra do que pode crer nossa vã filosofia. E, de fato, há muito conceito implícito nas representações de projeto que não são facilmente perceptíveis. É extremamente difícil, no eixo de competência do Projeto, documentar tudo o que é pensado pelos projetistas. O construtor depende de uma perspicácia apurada para captar todas estas nuances.

 

ree

Cito um caso em que uma laje deveria apoiar na lateral das vigas metálicas da estrutura (era previsto uma aba de apoio), mas o construtor, “para economizar a aba de apoio”, “decidiu” apoiar a laje sobre a viga, aumentando a cota final dela em alguns centímetros. Reduziu o custo da aba em toda a obra. Como a estrutura metálica era produzida em oficina, o prolongamento acima da laje restou com uma altura livre de platibanda menor. Isso impediu o caimento adequado para a cobertura embutida e os equipamentos de ar-condicionado, que deveriam ficar escondidos atrás da platibanda, ficaram parcialmente expostos. Foi preciso subir a platibanda, o que ficou mais caro do que as abas que deveriam existir nas laterais das vigas. E não estou comentando os problemas que ocorreram abaixo da laje com vergas, problemas estéticos com as proporções de vergas, contra vergas e esquadrias, mudança nos apoios dos dutos de ar-condicionado etc. A falta de entendimento mais profundo do projeto tornou uma aparente economia num gasto superior para a obra. Havia uma importante razão estética para limitar a altura da edificação e um equipamento com chaminé já adquirido teve que retornar à fábrica para prolongar a chaminé., o que não foi percebido pelo construtor. Fora o stress!


Toda essa história para mostrar que é muito importante que as equipes que atuam no eixo de competência da execução das obras apoiem o desenvolvimento do projeto e o planejamento. Primeiro para oferecer sua perspectiva diferenciada e, segundo, para adquirir entendimento mais profundo do projeto. Todos têm a ganhar com isso, sobretudo o empreendedor, que paga a conta no final.


Paralelamente ao projeto e planejamento, a equipe de execução apoia o estudo e detalhamento do canteiro de obras, onde executará seu trabalho. É o período adequado para que esta equipe influencie e se comprometa com o projeto, para que não precise intervir durante a execução.


É preciso uma gestão mais robusta neste processo e a Engenharia Integral oferece isso. Um processo robusto é aquele com maior garantia de sucesso.

Enfim, chega-se à execução das obras propriamente ditas. A equipe de execução precisa ser eficiente, produtiva e disciplinada em relação ao projeto. Isso requer acompanhamento sistemático de custos e prazos, que é feito pelo trabalho no eixo de Planejamento (veja o texto específico) e controle de qualidade contínuo, que é feito pelo eixo de competência Entrega (que também tem texto próprio).

 

ree

 

O dia a dia do canteiro exige muito da equipe, tanto no aspecto técnico, quanto no gerencial. Há equipes em tarefas simultâneas com demandas distintas, contratos que precisam conviver sem se atrapalharem, riscos de segurança em tempo integral, controles de materiais de naturezas diversas, questões ambientais com resíduos e outros impactos, relações com a vizinhança, segurança patrimonial e a programação de tarefas diárias e semanais. Isso tudo em convívio harmonioso com a coleta de informações de desempenho e o controle de qualidade (eixos Planejamento e Entrega).


 A execução das obras avança normalmente até que, em algum momento já próximo do fim, é preciso iniciar os testes e liberações de equipamentos, instrumentos e sistemas. É, em linhas gerais, o que a indústria denomina comissionamento.

 

ree

 

O comissionamento tem dois vieses: o do próprio construtor e o do receptor da obra. O construtor precisa certificar-se de que tudo está correto e o receptor precisa verificar se tudo atende aos requisitos operacionais. Na Engenharia Integral, o receptor é representado pelo trabalho no eixo de competência Entrega, mas isso não impede que o empreendedor mobilize equipe própria, quase sempre ligada à operação futura, para esse acompanhamento. O fato é que comissionamento e operação quase se emendam inaugurando a chamada operação assistida.


E assim, resumidamente, o trabalho no eixo de competência Execução das Obras se estende por todo o ciclo de vida do empreendimento, mantendo relações intensas e muito próximas com os demais eixos. Se o Planejamento tem uma centralidade em termos de decisões estratégicas, as Obras ditam as condições em que os recursos serão aplicados e, por isso, têm centralidade como cliente interno de quase todos os eixos. Depois dela, tudo é entregue ao empreendedor com mediação do eixo Entrega.

Comentários


© Copyright 2024 por Renê Ruggeri. Desenvolvido por Bárbara Silva

bottom of page