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O Eixo de Competência Projeto do Produto

Atualizado: 7 de mai.

O chamado Eixo de Competência Produto, ou, para ser mais extensivo, Eixo de Competência do Projeto do Produto, é o segundo eixo da Engenharia Integral. Apesar de todos os eixos serem simultâneos e interligados, esse sequenciamento é um bom recurso didático. O primeiro eixo é o do Negócio.


O Projeto do Produto contempla todo o trabalho necessário para definir e detalhar o produto a ser implantado. Há aqui a importante ressalva de que esse produto pode não ficar resumido a uma edificação, englobando tudo o que precisa ser implantado como recheio dela (equipamentos, mobiliário e outras coisas).



O importante é que, pensando na implantação de um empreendimento da ideia à operação regular, o processo se conclui apenas quando tudo estiver operando rotineiramente. A rigor, poder-se-ia pensar até mesmo na mobilização do pessoal operacional. Mas convencionamos aqui restringir o escopo ao conteúdo de Arquitetura e Engenharia.


O trabalho neste eixo começa quase que simultaneamente com as primeiras ideias do empreendedor sobre o negócio. Quando ele conjectura a realidade que pretende criar, com certeza imagina o edifício implantado num terreno. Mas em muitos casos nem terreno há ainda, o que pode ser muito bom.



O negócio pode ser muito favorecido com a seleção de um terreno apropriado a ele. Assim, escolher o terreno após definições importantes sobre o negócio pode ser vantajoso. Mas é preciso saber analisar e avaliar os terrenos quanto à sua adequação ao negócio. Essas análises incluem muitos aspectos de Arquitetura, Engenharia e Logística. Daí a necessidade de o empreendedor mobilizar o quanto antes as assessorias técnicas adequadas.


Um terreno, por exemplo, que custe metade de outro, pode consumir mais do que esse valor com terraplenagens e consolidações geotécnicas (arrumos, reforços de solo etc.) para se tornar adequado ao uso. Esse é o caso em que o barato sai caro por falta de informações, análises, avaliações e orientações técnicas especializadas.


Veja que esses números impactam a viabilidade econômica do negócio do empreendedor. Custos adicionais reduzem a viabilidade, mas análises adequadas das variáveis podem identificar um terreno que represente, por si só, alguma vantagem competitiva. Nesta análise, além das adequações necessárias do terreno, entram questões da logística na obra e na própria operação, dos impactos na vizinhança, do favorecimento ou não da insolação e dos ventos predominantes etc.


Cada negócio é mais sensível a certos parâmetros e uma boa seleção de terreno pode dar ao edifício uma função estratégica. O edifício passa a ser um investimento estratégico e não apenas um local para operações.


Isso influencia sobremaneira o Estudo de Viabilidade – EV - do empreendimento. Os custos operacionais agregados por um terreno mal escolhido, ou mal aproveitado, são incômodos que o negócio carrega normalmente por toda a vida (ou boa parte dela). Pode, inclusive, em alguns nichos de mercado, definir o sucesso ou não do negócio.


Mas, selecionado o terreno, deve-se iniciar a concepção das soluções. Ora, soluções são para um problema e, obviamente, o primeiro passo é compreender bem o problema. Um problema bem compreendido é metade da solução.



Isso é feito na primeira etapa do Processo de Desenvolvimento do Projeto AEC (PDP), o Levantamento de Informações - LV. Esta etapa, na EI, se equipara razoavelmente ao que o nicho do Design e da Arquitetura tendem a chamar de briefing, mas tem um escopo mais abrangente.


A Compreensão do Problema inclui a investigação das demandas do negócio, das características físicas da área disponível (topografia, geotecnia, hidrologia etc.), as características e relações com a vizinhança (impactos e logística), o estado da arte naquele nicho de mercado, os avanços tecnológicos comercialmente disponíveis, as operações similares ou concorrentes, as tendências de futuro para as próximas décadas (afinal o empreendimento durará décadas) e tudo o que for pertinente ao empreendimento.


Compreender o problema é praticamente tornar-se especialista nele o mais rápido possível. Assim, é possível admitir que há preparo para resolvê-lo. Se nem o problema é bem compreendido, como esperar que a equipe encontre as melhores soluções? Não é tarefa para uma ou duas pessoas, é preciso uma equipe de projeto.


Compreendido o problema e seu contexto, pode-se partir para a concepção das soluções. Aliás, encontrar as melhores soluções é tão mais simples quanto mais se conhece o problema. Adiar a pesquisa sobre o problema evidencia o risco de ter que repensar soluções que se descobre tardiamente não serem tão boas, ou seja, retrabalho.



A Concepção das Soluções inclui as etapas de Estudos Preliminares, Projeto Legal e Anteprojeto, eventualmente bem conhecidas no mercado. Digo “eventualmente” porque é bem comum perceber que estas etapas são mal-entendidas, misturadas e confundidas, o que, obviamente, dificulta atingir o sucesso na concepção.


Não é a ideia deste texto explicar as etapas, mas apenas falar do ciclo do trabalho no Eixo de Competência do Produto. Noutros textos falamos desses detalhes do PDP.


Definida a solução global e as setoriais, é preciso documentá-las para comunicar a quem possa interessar. Há uma infinidade de documentações (físicas e/ou digitais) a ser produzida. Ultimamente foca-se os modelos informacionais do BIM – Building Information Modeling. Esse, aliás, é um tema que merecerá oportunamente nossa atenção.



A Comunicação das Soluções, na EI, inicia com a etapa do Projeto Básico e culmina com o Projeto Executivo e Projeto para Produção. Uma apoia as contratações, as outras a própria execução das obras. Vale ressaltar que é muito comum no mercado que se envie a obra um conjunto de documentos que mal passaria, numa avaliação rigorosa, como Projeto Básico. O detalhamento executivo é extremamente exigente para que fique bom. É claro que isso causa potencialmente muito prejuízo à obra e consequentemente ao empreendimento e ao negócio.


Mas, ainda que os projetos sejam produzidos com esmero total, a obra ocorre no futuro e não há como prever o futuro. Assim, é bem certo que durante a execução alguns pequenos ajustes sejam demandados. É fundamental não entender isso como licença para decisões tomadas em obra. Não, em hipótese alguma! As decisões em obra são aquelas que efetivamente não puderam ser tomadas no projeto. Não se deve adiar decisões deliberadamente.


Esses ajustes na obra exigem apoio técnico para que não se perca o conceito original das soluções dadas ao negócio. A equipe do Projeto do Produto deve, portanto, manter sua conexão com o empreendimento oferecendo apoio técnico e documentando os ajustes para compor uma documentação final que servirá de guia para operação e manutenção do edifício. Estamos falando do Projeto As Built (como construído) e do Apoio Técnico à Obras (ATO).



Finalizando essa breve explanação, não se pode esquecer que todo esse trabalho ocorre de forma integrada com os trabalhos nos demais Eixos de Competência da Engenharia Integral. Trataremos dos demais em outros textos, mas que fique claro que nenhum deles prescinde dos demais para gerar os melhores resultados. Sem essa integração, chega-se a resultados sem dúvida, mas, em tese, nunca serão os melhores.


Seu negócio merece mais.

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