Mais dois Eixos de Competência: as portas externas
- Renê Ruggeri
- 5 de jun. de 2024
- 3 min de leitura
Já escrevemos sobre quatro Eixos de Comeptência da Engenharia Integral: o Projeto do Produto (Projeto AEC), o Processo Produtivo (Planejamento), a Execução das Obras e a Entrega. Talvez o nosso leitor não tenha reparado, mas todos eles são voltados para o interior do contexto onde o empreendimento se concretiza. Mas, é claro, esse empreendimento existe para desenvolver relações externas com a sociedade e, portanto, de alguma forma é preciso estabelecer estas conexões. Isso é feito basicamente por dois outros Eixos de Competência, tão importantes quanto os demais. Citamos ambos de passagem nos textos anteriores, mas vamos foca-los agora.

O Eixo de Competência do Negócio é aquele em que mergulhamos no problema do empreendedor, seu negócio, seus planos de operação e as relações que pretende desenvolmer com a sociedade. Neste eixo caracterizamos, além do próprio empreendedor, a equipe operacional, os fenômenos e condicionantes econômicos do nicho de mercado, o público-alvo, os usuários etc.

A ideia é nos apropriarmos da situação do empreendedor, para a qual precisaremos desenvolver um produto que seja realmente um vetor de soluções eficaz. Não precisamos pensar especificamente nesse ambiente com foco no produto (edifício), até porque o caminho é inverso, é o produto que emergirá deste problema. Ou seja, é preciso focar o negócio almejado pelo empreendedor, independente de qual será a solução pensada para o produto.
Se o empreendedor tem um bom Plano do Negócio, provavelmente o trabalho será bem reduzido, pois muito do que precisamos pensar estará neste documento. Mas, se ele não o tiver, nós praticamente teremos que conceber um, ainda que não o formalizemos no formato que lhe é comum.
Neste Plano de Negócio, estão as análises mercadológicas que subsidiarão dimensionamentos de Arquitetura e Engenharia (AEC); as análises da produção, quase sempre de cunho econômico-financeiro, que precisaremos traduzir em variáveis AEC; as especificações de matérias-primas, que nos indicarão condicionantes de manipulação; a definição do público-alvo e da qualificação da equipe de operação, que nos orientarão quando às interfaces que serão projetadas para eles.
O Plano do Negócio é o ponto de partida e imergir no ambiente do cliente/empreendedor permite apropriarmo-nos do seu ponto de vista, suas necessidades e preocupações.
A complexidade do negócio, trazida pelo Eixo de Competência Negócio, induz, então, à criação de soluções para o produto e o processo produtivo e se mescla à própria complexidade do ambiente interno do empreendimento que, obviamente, não é pequena.
Integrar produto, processo produtivo, execução e entrega exige alta capacidade gerencial (administrativa) e técnica (produtiva). Isso exige uma equipe numerosa e multiespecializada, o que nos leva a compor esforços com diversos fornecedores.
A mobilização de múltiplos fornecedores é tão comum na construção civil que muitas vezes não lhe é dada a adequada atenção. Simplesmente mobilizar um número enorme de fornecedores não garante integração e pode ser, na realidade, origem de vários problemas produtivos ou contratuais. O que era pra ser uma vantagem, pode se tornar o cerne de muitos problemas.
Por isso, a Engenharia Integral considera Suprimentos como um Eixo de Competência específico. São os fornecedores que sustentam o processo produtivo com os insumos necessários à concretização do empreendimento. Insumos de toda natureza: materiais, equipamentos e mão de obra.
Observe que também este eixo de competência tem um olhar para fora do processo de implantação, embora, neste caso, seja para buscar fornecedores para engajá-los no ambiente interno. Na realidade, o olhar deve estar tanto no mercado, quando no processo de implantação. Poderíamos dizer que o Eixo de Competência Suprimentos faz essa ponte entre o que está fora e o que está dentro.

Externamente, a prospecção de bons fornecedores, adequados a cada demanda do empreendimento, é provavelmente o ponto central. Mas podemos pensar também na contribuição que esta equipe faz ao planejamento da execução quando acrescenta informações sobre práticas usuais no mercado e suas variações possíveis.
Internamente, a coordenação dos contratos realizados garante maior possibilidade de integração e sinergia ao eliminar sobreposições e conflitos, clarear responsabilidades, ajustar cronogramas específicos e regular custos e fluxo de caixa.
Estes dois eixos de competência na implantação do empreendimento respondem fortemente pela conexão do empreendimento com a sociedade, na sua concepção, implantação e futura operação.
Assim, completamos o quadro de Eixos de Competência da Engenharia Integral.
Comentarios